A revolução liberal do Porto (1820) e Tavira

Ilustração de Roque Gameiro (1917) retratando a Revolução Liberal do Porto (1820)

Foi na cidade invicta que teve lugar precisamente no dia de hoje há 200 anos que eclodiu a revolução liberal composta por militares que deu início ao Vintismo, num Portugal cansado com a ausência do Rei no Brasil e de ser um protectorado (regido por William Beresford, lugar-tenente de Wellington) britânico desde as invasões francesas. Três anos antes, tinha tido lugar uma conspiração em Lisboa falhada após denúncias, sob a influência da loja maçónica do Grande Oriente Lusitano , dirigida pelo general Gomes Freire de Andrade, que havia sido executado.

Como consequência do golpe, foi instituída um Junta Provisional, que se encarregaria de convocar cortes em Lisboa, exigindo entre outras medidas o regresso da família real no exílio e a elaboração de uma constituição, que haveria de ser aprovada em 1822. Este pequeno episódio de governo liberal seria abruptamente terminado no ano seguinte, com os golpes da Vilafrancada e Abrilada, em ambos tendo como rosto principal o Infante D. Miguel.

O algarvio Sebastião de Brito Cabreira, vice-presidente da Junta Provisional que saíu do golpe, segundo uma ilustração de 1822

Entre os militares do levantamento, destaca-se o coronel algarvio Sebastião de Brito Cabreira, nomeado vice-presidente da Junta Provisional . No ano seguinte, seria nomeado Governador das Armas do Reino do Algarve. 

Em Tavira, a notícia da revolta chegou no 8 de Setembro seguinte, de acordo com um exemplar da Gazeta de Lisboa. Tiveram de imediato lugar festividades, que tiveram como principal figura o major Luís de Mendonça e Mello, comandante do Regimento de Infantaria 14, aquartelado em Tavira. Toda a população acorreu a ver o regimento saindo do quartel para a então Praça da Ribeira.

O edifício do Corpo da Guarda Principal, tendo por detrás a Torre do Mar

 

À noite, toda a cidade foi coberta de iluminação, tendo como destaque o edifício da Guarda Principal, situado junto à Ponte Romana na margem direita, na presença do Governador Diocleciano Cabreira (por acaso irmão de Sebastião Cabreira) e outras demais individualidades, foi cantado um Te Deum.

 

 

Extracto da Gazeta de Lisboa de 1820 nº 254
Extracto da Gazeta de Lisboa de 1820 nº 254

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