Estas fotos fazem parte do acervo do Arquivo Histórico da Marinha e contêm vistas da Ilha da Abóbora desde a Barra de Tavira (na época Barra do Cochicho) até à Armação da Abóbora. Foram tiradas por meios aéreos em Fevereiro de 1951.









Estas fotos fazem parte do acervo do Arquivo Histórico da Marinha e contêm vistas da Ilha da Abóbora desde a Barra de Tavira (na época Barra do Cochicho) até à Armação da Abóbora. Foram tiradas por meios aéreos em Fevereiro de 1951.
Tavira possui um vasto espólio principalmente a nível religioso, sendo uma das cidades com maior número de igrejas por número de habitantes, porventura resultado de ser uma das cidades mais antigas do Algarve, em virtude de ser mesmo a mais populosa da província, segundo a crónica do Reino do Algarve de Frei de São José, em 1577 (Viegas, 1990).
Entre as suas especificidades encontrava-se a de ser um ponto de importância comercial e estratégico, dada a sua localização entre o Mediterrâneo, o Atlântico e a costa africana. Neste trabalho vamos falar de alguns casos particulares de peças e estruturas que ornamentam igrejas de Tavira relativamente à época do Barroco.
O período conhecido por Barroco estende-se por dois séculos a partir do fim do século XVI e segue o movimento de Contra-Reforma na tentativa de divulgar a sua mensagem de pedagogia e festividade através da arte (Lameira, 2001, p.1).. Em vez da sobriedade, linhas firmes, proporção e discrição das formas da Renascença, o Barroco impõe-se com a sua animação, fulgor, exuberância e exímia decoração dos elementos. Tais características infundiam no espectador a admiração e o domínio espiritual do terreno.(Santana, 2010, p.73).
E ao atingir Tavila, e mal ao atravessar a ponte, Genoveva Pessanha pôde contemplar, o rio pleno de naus com todas as formas de velas e feitios, de todas as cores, umas acabadas de chegar, a ancorar e a iniciar o desembarque, e uma azáfama de gente que pareciam formigas vistas de longe, ao longe da estreita margem direita do Gilão, desde a Torre do Mar até perder-se lá ao fundo, onde se via o reflexo do Sol, onde as águas do rio finalmente encontravam descanso em mar aberto. Parecia que o próprio rio resplandecia de ouro contagiado pelas riquezas que as naus transportavam. O toque de Midas havia atingido o Gilão !
Samuel Viana (‘O milagre da Fonte da Gomeira’)
Em meados do século XV, em plena expansão marítima portuguesa, Tavira (aqui chamada Tavila), no leste do Algarve (Portugal) é um importante local de suporte às expedições no norte de África e ponto de contactos comerciais entre o Atlântico e o Mediterrâneo. Lidera a alfândega Diogo Lopes da Franca, descendente de uma família genovesa radicada em Tavila. Um estranho mau agoiro paira sobre a família, mas isso não impede Diogo Lopes de manter o seu prestígio e melhorar os rendimentos das terras que lhe foram adjudicadas. Para isso, vai contar com uma ajuda inesperada e no final, uma mão sobrenatural intervém para redimir os acontecimentos. A maior parte dos personagens foram figuras históricas reais, como os Corte Reais e os Pessanhas, que na altura viveriam numa das mais importantes localidades algarvias.
Todas as terras e regiões merecem ter a sua história e, a pensar nisso, decidi dar asas à criatividade e conceber um conto para “dar vida”, com base em factos e personagens históricos, a uma obra de ficção que tenta, juntando acontecimentos ocorridos em meados do século XV, em plena expansão portuguesa. Em 2018 lancei um pequeno rascunho no blog, mas agora decidi finalmente paginar e dar um aspecto “acabado” ao livro, estando disponível para aquisição nos locais abaixo apresentados.
Continuar a ler “O milagre da fonte da Gomeira”Aconteceu por acaso fazer uma pesquisa sobre a freguesia no Google Scholar, um motor de busca da Google dedicado especialmente a publicações científicas. E por acaso encontrei o documento que segue em epígrafe neste artigo, escrito por J.A. de Faria Pinto. Nele, o autor sumarizou o seu estudo dos registos paroquiais da freguesia debatendo os resultados do ponto de vista da natalidade, fecundidade, mortalidade e mobilidade.
O período segue de 1686 a 1890, com interrupções, sendo que na altura da redacção do documento (1998) por imperativos legais a consulta dos registos posteriores a esse ano não era possível.
Em termos breves, o autor descreve em traços largos o ambiente geo-social da freguesia: que a mesma tem uma área serrana onde impera a monocultura de cereais em contraste com o litoral onde são mais vulgares as culturas de sequeiro. O autor cita duas datas: 1732, data da constituição da Companhia de Pescas da Armação do Medo das Cascas e 1772, quando o Marquês de Pombal devolveu a propriedade da serra de Tavira aos montanheses após a queixa por partes deste do sr. Vaz Velho à autoridade central (ver Os “Vaz Velho” de Tavira – a delacção ). No primeiro caso foi a principal razão da constituição da povoação de Cabanas, e o autor refere que a população da localidade litoral nunca chegou a superar o efectivo populacional das gentes da serra.
Continuar a ler “Um estudo demográfico da paróquia da Conceição de Tavira (1750-1890)”Foi na cidade invicta que teve lugar precisamente no dia de hoje há 200 anos que eclodiu a revolução liberal composta por militares que deu início ao Vintismo, num Portugal cansado com a ausência do Rei no Brasil e de ser um protectorado (regido por William Beresford, lugar-tenente de Wellington) britânico desde as invasões francesas. Três anos antes, tinha tido lugar uma conspiração em Lisboa falhada após denúncias, sob a influência da loja maçónica do Grande Oriente Lusitano , dirigida pelo general Gomes Freire de Andrade, que havia sido executado.
Como consequência do golpe, foi instituída um Junta Provisional, que se encarregaria de convocar cortes em Lisboa, exigindo entre outras medidas o regresso da família real no exílio e a elaboração de uma constituição, que haveria de ser aprovada em 1822. Este pequeno episódio de governo liberal seria abruptamente terminado no ano seguinte, com os golpes da Vilafrancada e Abrilada, em ambos tendo como rosto principal o Infante D. Miguel.
Continuar a ler “A revolução liberal do Porto (1820) e Tavira”
Nas igrejas cristãs, o Crisma ou Confirmação é um dos sete sacramentos para além do baptismo, primeira comunhão e matrimónio que todo o cristão praticante deve conseguir durante a sua vida. Na Igreja Católica, esta cerimónia é presidida por um bispo e consiste numa unção com azeite sobre o fiel aplicada por ele. Menos frequentemente, porque nem sempre o Bispo podia visitar todas as paróquias da sua diocese, estes acontecimentos aparecem registados nos livros paroquiais. Trata-se de um rol de crismados. No caso da paróquia da Conceição, são dois: um em 1690 e outra em 1 de Julho de 1712, a que este artigo vai fazer referência.
Continuar a ler “A visita do Bispo à igreja da Conceição a 1 de Julho de 1712”Já aqui fizémos referência ao “Mato da Ordem“, que foi criado como um foro da família Corte-Real cerca de 1485 sob o desígnio da Ordem de Santiago. O que é estranho é que chegamos a 1885 e Estácio da Veiga(1), proprietário da Arrancada, fazenda contígua com o Mato da Ordem, relata que a propriedade vizinha foi vendida pela Casa de Palmela a um tavirense de nome José Maria Parreira.
Continuar a ler “Entre que mãos onde andou a saltar o “Mato da Ordem””
Várias razões estiveram por detrás da decisão régia, como a posição de Tavira como cabeça na estratégia militar da nação para a costa marroquina, ponto de comércio com o mediterrâneo, e a sua população, onde viveriam na altura três mil vizinhos, segundo Frei João de São José na sua Coreografia do Reino do Algarve, que para mais diz no parágrafo de abertura sobre Tavira, no capítulo dedicado a cada uma das urbes da região:
A cidade de Tavira, sem algũa dúvida, é, ao presente, e foi sempre a principal de todo o reino do Algarve, não só na grandeza da povoação e dotes que a natureza repartiu com o solo do seu sítio, mas também na nobreza dos moradores dela, que são as três excelências que fazem ũa terra nobre e que com rezão se pode gloriar delas.
Continuar a ler “500 anos da mui nobre e leal cidade de Tavira”
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