O Palacete dos Vaz Velho

O Solar a receber obras de conversão (2019)

OS “VAZ VELHO” DE TAVIRA (Parte IV)

O Solar a receber obras de conversão (2019)
O palacete na actualidade (2019), já em obras

O palacete dos “Vaz Velho” encontra-se actualmente em fase de remodelação para o vir a converter numa unidade hoteleira. Neste texto far-se-à menção à história deste palacete/solar e os diferentes proprietários que foi tendo ao longo da sua história, pelos menos aqueles que são conhecidos.

O palacete foi executado na vertente de uma encosta do vale do rio, sobre um socalco. Permitindo uma vista desafogada sobre o vale, terá sido construído como forma de poder manifestar o novo status social da família, sobranceiro sob a cidade e o rio, e ao mesmo tempo permitir vigiar as suas posses, a Serra, a Quinta e o Horto da Belafria. O palacete era um típico solar nobre da época da segunta metade de setecentos. No caso deste solar, ele junta duas tendências arquitectónicas: o telhado de tesouro típico da região com o estilo pombalino inspirado no neoclássico: dois pisos com janelas altas com varandim, todas com as mesmas dimensões e igualmente espaçadas ao longo da fachada, reflexo das formas geométricas concretizadas na ortoganalidade impressa na fachada.

Na altura que foi erigido, o solar deveria ser o maior imóvel privado da cidade, rivalizado apenas pelo solar dos Mendonça Corte-Real situado onde agora está o jardim público. Só foi ultrapassado em dimensões no século seguinte, com a construção do palacete do barão da Capelinha.

Quanto a registos históricos, o palacete figura nos mapas de Sande de Vasconcelos em finais do século XVIII. O primeiro caso está assinalado na carta de Tavira de 1795, junto da inscrição de “Quinta de Manuel Vaz”. Aparece junto da quinta, que na altura compreendia toda a margem direita do rio e a elevação, não se resumindo ao Horto. No “Prospecto” de 1797 é bem patente a sobranceria do palacete na linha da margem direita (ver imagens abaixo).

Sabemos que em 1758 por via da exposição feita pelos habitantes da Serra contra Manuel José que o Horto da Bela Fria era já pertença do referido senhor. Este era casado em segundas núpcias com uma senhora de Lisboa chamada Teodora Espírito Santo, também casada em segundas núpcias. Estes falecem em 1794 e deixam o palacete em testamento aos seus primogénitos (casados entre si), filhos dos seus casamentos anteriores, com nomes Mariana de Jesus Teresa e Veríssimo José dos Santos. Desta relação nasceram cinco filhos dos quais são de destacar João Evangelista (que foi vereador), Anacleta Joana Balbina (que foi prioresa dos carmelitas) e António José, o cosmógrafo-heraldista que foi referido num artigo anterior. Os dois primeiros não deixaram descendência tendo o último falecido solteiro deixando um filho natural de nome António dos Santos, que no ano seguinte à da morte do pai (1861) vende o palacete a Manuel da Costa Vila Lobos. Em 1891 há novas notícias, sendo que José Maria Parreira o regista na conservatória.

No seu interior existe uma capela dedicada a Nossa Senhora da Conceição. Esta foi erigida graças ao testamento de D. Teodora Maria, redigido em 1786, que estabelecia um foro sobre a quinta tendo em vista a edificação da referida capela.

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Já no século XX, em 1957 foi instalado aqui um externato masculino sob a direcção de Mariete Bomba, externato este tendo como padroeira a Nossa Senhora das Mercês[1], ao qual faz alusão o azulejo situado no topo do portão principal. Mais tarde em 1971 serviu de secção local do Liceu de Faro. Durante este tempo era seu proprietário Manuel Pedro Cabrita Júnior. Com a construção das escolas na parte sudoeste da cidade o edifício foi abandonado.

Azulejo dedicado à Nossa senhora das Mercês. Acima, baixo relevo com um pendente da condecoração da Ordem de Cristo, da qual Manuel José Vaz Velho foi comendador.

Em 1989, quando Anica escreve o artigo citado [1] no Jornal do Algarve, o proprietário ainda era o referido Manuel Pedro.

Em 2003 a sociedade que detinha o imóvel em 2003 chamava-se “ALBERGARIA SOLAR DA BELA FRIA”, de acordo com o nº20 da Série III de Diário da República de 2003 , entretanto dissolvida(1).

O edifício ostenta ainda uma placa em memorial do furriel miliciano António Baioa Vaz, que faleceu em Angola em 1963 em combate.[1]

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