O posto da guarda fiscal

o antigo e centenário posto da guarda fiscal desempenhou um papel na expansão urbana da aldeia

 

Para quem costuma frequentar Cabanas, de certeza já deparou com o antigo posto da guarda fiscal erigido numa subida no acesso de saída da vila pela Rua Vasco da Gama.
Este foi o primeiro edifício público construído em Cabanas (se considerarmos o Forte fora desta equação e vamos ver porquê), e sendo o primeiro local a receber uma unidade militarizada (uma vez que o forte, uma vez mais, é anterior à criação da vila), representando a sua construção um ponto um eixo na expansão do então incipiente lugarejo conhecido por Cabanas da Armação.
A Guarda fiscal foi criada em 1885 pelo terceiro governo liberal de Fontes Pereira de Melo e tornou-se rapidamente uma guarda presente em todo o país, nas zonas limítrofes do “rectângulo” continental português, com um contacto muito directo com as populações. As suas funções eram controlar o contrabando, verificar a qualidade dos produtos das actividades do sector primário e a vigilância da costa.

Em Cabanas, temos notícia de que o Forte de São João da Barra conservou uma guarnição de artilharia até 1896, quando esta foi substituída por um corpo da guarda fiscal, que lá permaneceu quando em 1905, quando o proprietário da fazenda da Barroca, Joaquim de Mendonça e Melo Trindade, um dos maiores proprietários rurais do concelho, adquiriu a propriedade do Forte em troca de subsidiar a construção do actual posto.

Porque motivo foi feito este negócio ? Podemos apenas com alguns indícios tentar reconstruir quais os motivos.

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Cartografia Aérea Costeira da Ilha da Abóbora

Estas fotos fazem parte do acervo do Arquivo Histórico da Marinha e contêm vistas da Ilha da Abóbora desde a Barra de Tavira (na época Barra do Cochicho) até à Armação da Abóbora. Foram tiradas por meios aéreos em Fevereiro de 1951.

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Estácio da Veiga e a sua casa rural das Cabanas da Conceição

Morreu há 127 anos na sua casa de Arroios em Lisboa o pioneiro da arqueologia portuguesa, Estácio da Veiga. Na data da sua morte vamos relembrar a casa rural que Estácio herdou do seu avô e as relações que manteve com a freguesia, onde não deixou de fazer também descobertas…

Muita gente não saberá, mas o emérito pioneiro da Arqueologia portuguesa Estácio da Veiga possuía uma casa rural em Cabanas , consoante relata Arnaldo Anica na sua Monografia de Cabanas [1]. Rural na época em que ele viveu (1828-1891), porque neste momento tal edifício a existir algum vestígio dele, já foi complemente ocultado debaixo do avanço do betão turístico contemporâneo. As propriedades de Estácio na freguesia da Conceição chegaram-lhe por via de propriedades do avô, o tenente-coronel Sebastião Martins Mestre – um dos líderes da resistência contra as incursões franceses no Algarve –  possuía na freguesia.

Estácio da Veiga na época do seu casamento com Amélia de Claranges Lucotte. Reprodução fotográfica emoldurada na metade esquerda de um porta-retratos de casal, correspondendo a outra metade à de sua mulher. Do arquivo da família, ver [1]. Foto reproduzida do site do CIIPC.

Sebastião Martins Mestre, avô materno e padrinho de Estácio da Veiga, é uma personagem de  muito pouco se sabe a respeito de suas origens, mas novas investigações permitem estabelecer que nasceu em Arenilha (actual Vila Real), algures entre 1762 e 64. Fez parte do regimento de infantaria de Tavira, de onde mais tarde emigrou para Gibraltar onde conheceu a sua esposa, britânica de nascimento, Mary Phillips. As suas ligações com os ingleses permitiram o apoio da Royal Navy no levantamento da resistência algarvia contra a presença francesa no Algarve aquando da 1ª Invasão Francesa (1808). Após a retirada francesa, ficou como governador dos fortes de Cacela e de São João da Barra de Tavira [1], sendo mais tarde presidente da Câmara Municipal de Tavira em 1820 e finalmente Governador Militar de Vila Real de Santo António.  Foi na freguesia da Conceição que Sebastião Martins Mestre foi proprietário de um casa rural em Cabanas (naquela altura chamadas -da Conceição) e uma fazenda no sítio conhecido como Arrancada .  Esta última situa-se próximo do lugar onde actualmente se situa a actual Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR do Almargem). Não é conhecida a forma de como Sebastião Mestre terá adquirido estes bens, mas será tema para explorar num futuro artigo.  Certo é que ambas as propriedades passaram para o seu neto Estácio da Veiga. 

O objectivo deste post não é falar da obra do arqueólogo tavirense, sobejamente conhecida, mas das suas relações com a freguesia da Conceição, e as referências que a ela faz. 

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A Paragem Ferroviária do Pinheiro

Encontrei na Wikipédia, uma menção a um “Apeadeiro do Pinheiro“. De acordo com a tabela de preços datada de 1906, aquando da inauguração do troço ferroviário de Tavira a Vila Real, este apeadeiro devia ser ao invés uma “paragem” (que aparece com um “P” a seguir ao nome) ficava entre as estações de Conceição e…

A Paragem Ferroviária do Pinheiro foi publicado originalmente aqui

Encontrei na Wikipédia, uma menção a um “Apeadeiro do Pinheiro“. De acordo com a tabela de preços datada de 1906, aquando da inauguração do troço ferroviário de Tavira a Vila Real, este apeadeiro devia ser ao invés uma “paragem” (que aparece com um “P” a seguir ao nome) ficava entre as estações de Conceição e Santa Rita, junto de uma Quinta com o mesmo nome. Não tenho conhecimento de nenhuma quinta com esse nome na zona rural envolvente da linha do comboio.

Tabela de preços praticada entre as estações da linha do Algarve (1906). É feita a referência a na altura o “apeadeiro” ser apenas uma paragem, a passar ser apeadeiro no futuro.

A estação de Santa Rita fica junto do sitio da Caiana, lugarejo junto da EN125 aonde passa o Ribeiro do Lacem com vendas e cafés. Portanto, este Apeadeiro haveria de ficar entre a estações da Conceição e de Santa Rita. Antigamente a EN125 atravessava a linha de comboio numa passagem de nível, cujas ruínas da casa do guarda ainda se podem ver do viaduto que foi construído nos anos 60. Continuar a ler “A Paragem Ferroviária do Pinheiro”