Um estudo demográfico da paróquia da Conceição de Tavira (1750-1890)

Aconteceu por acaso fazer uma pesquisa sobre a freguesia no Google Scholar, um motor de busca da Google dedicado especialmente a publicações científicas. E por acaso encontrei o documento que segue em epígrafe neste artigo, escrito por J.A. de Faria Pinto. Nele, o autor sumarizou o seu estudo dos registos paroquiais da freguesia debatendo os resultados do ponto de vista da natalidade, fecundidade, mortalidade e mobilidade.

O período segue de 1686 a 1890, com interrupções, sendo que na altura da redacção do documento (1998) por imperativos legais a consulta dos registos posteriores a esse ano não era possível.

Em termos breves, o autor descreve em traços largos o ambiente geo-social da freguesia: que a mesma tem uma área serrana onde impera a monocultura de cereais em contraste com o litoral onde são mais vulgares as culturas de sequeiro. O autor cita duas datas: 1732, data da constituição da Companhia de Pescas da Armação do Medo das Cascas e 1772, quando o Marquês de Pombal devolveu a propriedade da serra de Tavira aos montanheses após a queixa por partes deste do sr. Vaz Velho à autoridade central (ver Os “Vaz Velho” de Tavira – a delacção ). No primeiro caso foi a principal razão da constituição da povoação de Cabanas, e o autor refere que a população da localidade litoral nunca chegou a superar o efectivo populacional das gentes da serra.

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Os “Vaz Velho” de Tavira – a delacção

Manuel José Vaz Velho foi alvo de denúncia de maus tratos à população da Serra de Tavira que foi redigida em reunião de vereação em 1758 e enviada ao rei.

PARTE 2 – A DELACÇÃO DOS MONTESINOS CONTRA O “SENHOR DA SERRA”

Foi referido no artigo anterior, que Manuel José Vaz Velho, filho do cozinheiro real de João V, comprou a propriedade da Serra de Tavira aos descendentes do Manuel Godinho de Castelo Branco, antigo capitão-mor e guarda-mor da Saúde em Tavira a quem a Câmara havia cedido a propriedade por razões de financiamento em 1646. Cerca de 112 anos mais tarde, em 1758 temos notícia que o título havia sido adquirido por Manuel José.

Assinatura de Manuel José Vaz Velho nas atas de vereação de 1758

Em Setembro desse ano, nas atas de vereação que se conservaram do período 1758-62, temos uma entrada na ata muito pouco vulgar, a seguir às assinaturas habituais do escrivão e vereadores segue-se página e meia de assinaturas em cruz que muito provavelmente pertencerão aos campesinos que vieram apresentar as denúncias contra os vexames perpretados pelo “Senhor da Serra”.

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Os “Vaz Velho” de Tavira – ascensão e desvanecimento

Há 300 anos, o magnânimo rei João V teve na copa da sua corte um ilustre natural da Conceição. Por essa graça, a sua família ascendeu socialmente em Tavira durante um século. Primeiro capítulo que serve de introdução à família que erigiu o Palacete da Bela Fria.

PARTE I – INTRODUÇÃO

Placa de travessa na Conceição.

Bem, é chegada a altura de me debruçar sobre aquela que é a única família fidalga originária da freguesia da Conceição – os “Vaz Velho”. Tal como Tavira é o berço de duas outras famílias nobres – os “Corte Real” e os “Nobre”[1] – e, aproveitando o momento actual, em que o antigo palacete desta família está a receber obras para transformá-lo em algo que provavelmente será um “hotel de charme”.

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