No primeiro artigo desta série dedicada aos Vaz Velho, e quem tivesse atentado na árvore Genealógica desse artigo, deve ter reparado no nome da esposa de Manuel Vaz Velho, o cozinheiro real, que fundou esta casa tinha como esposa Rosa Maria Baram y Columé. O nome soa a castelhano, mas na realidade é catalão, sendo esta senhora natural da paróquia de Santa Maria del Mar, em Barcelona.
Ora sabe-se que Manuel esteve na Catalunha porque começou por ser sumiller (isto é, copeiro) do Conde do Redondo quando este esteve em Barcelona, antes do início da Guerra de Sucessão Espanhola (1701-14). Para ser breve, pode-se dizer que esta guerra surgiu de um impasse na sucessão na coroa espanhola fruto da morte do último Habsburgo espanhol, Carlos II, sem descendentes directos: e formaram-se dois partidos: um que apoiava Filipe De Bourbon, neto de Luís XIV de França e outro, em que Portugal apoiou, apoiando o Habsburgo austríaco, o arquiduque Carlos. Em Espanha diferentes regiões apoiavam um dos partidos: em Castela os Bourbon e na Catalunha os Habsburgo. Foi exactamente na Catalunha que Manuel Vaz Velho se encontraria na corte do arquiduque austríaco Carlos, tendo como esposa a tal senhora catalã. Após diferentes voltes-face, a guerra terminou em 1714 com o tratado de Utreque e o reconhecimento do pretendente Bourbon como rei de Espanha como Filipe V. Uma das filhas do cozinheiro, Maria Francisca casou-se com um militar catalão, do partido apoiante dos austríacos, exilado em Faro, Bento Romanguer, da qual ainda hoje existe descendência em Portugal, nomeadamente o autor do blogue que serve de fonte para este artigo.
Fonte: Artigo de João Paulo Esquivel em Um Austracista Catalão exilado em Portugal relembrado por um seu descendente (1714/2014)