Uma união de freguesias mas a Santa já não vem a Cabanas

Venho por esta via manifestar a minha estranheza para com o facto de mais uma vez este ano não se ter efectuado o trajecto da tradicional procissão no dia 8 de Dezembro, feriado devotado à padroeira nacional, Nossa Senhora da Conceição, com a procissão desde o local de repouso da imagem, na Igreja Paroquial até à vila de Cabanas. Há registos de que a procissão incluía a descida até à marginal de Cabanas, e se fazia todos os anos desde tempos imemoriais… mas isso terminou. E terminou desde o ano passado. Mas no ano passado ainda encetaram uma “visita” nocturna pouco anunciada uns poucos dias antes do dia feriado em Cabanas.

Traseiras do Igreja. Possível localização do primitivo cemitério.


Mas este ano nem isso sucedeu, viu-se uma procissão muito lânguida, mais curta que o habitual, sem a saída de outros imagens de santos como o São Luís e o São Sebastião, como era costume.
Diz o diz que disse que a Santa da Conceição se zangou com os cabanenses e é ciumenta, por eles terem decidido devotar-se a uma nova virgem, Nossa Senhora do Mar, cujas “Festas dos Pescadores” se realizam em Agosto. E por isso a Padroeira Nacional prefere dar a cara apenas aos seus devotos que moram no lugar outrora conhecido  por “Sítio da Igreja”.

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Referências de Conceição de Tavira nas obras de Luís Cardoso (1747-67)

O clero português no século XVIII (para além das finanças régias) precisava de ter uma ideia de quais seriam os seus rendimentos a nível nacional, fruto das concessões e foros atribuídos às ordens militares ou às dioceses (para não dizer “bispos”) pelos forais ao longo dos séculos. Em 1767, o presbítero Luís Cardoso, que já tinha publicado em 1747 o Dicionário Geográfico ou Notícia Histórica de todas as cidades, vilas, lugares e aldeias, rios, ribeiras e serras dos reinos de Portugal e Algarve decide fazer um catálogo em três volumes de todas as paróquias, nomes de elementos do clero. Uma espécie de “lista telefónica” daquele tempo onde inclusive lista o nome das cidades que recebem correio em nome das paróquias rurais a cujo “termo” pertencem. A esta obra chamou Luís Cardoso o nome de “Portugal Sacro – Profano : Ou Catalogo Alfabetico de todas as Freguezias dos Reinos de Portugal, e Algarve … juntamente com as leguas de distincia da Metropoli Do Reino, E da Cidade principal, e cabeça do Bispado, com o numero dos fogos : Noticia das terras do Reino, que tem Correio, e as que o não tem, de que Correios se servem“. Ora o termo de “Nossa Senhora da Conceição” aparece duas vezes, uma no volume 3 na lista das paróquias que não tem lugar para entregar correio e volta a aparecer no volume 2, numa entrada em conjunto com a outra paróquia também de nome Conceição no Algarve, mas situada em Faro. Continuar a ler “Referências de Conceição de Tavira nas obras de Luís Cardoso (1747-67)”

A Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Tavira

No Algarve o culto de Conceição chegou no século XVI tendo sido construídas duas igrejas em zona rural nos termos de Tavira e Faro, de tal forma que se converteram em topónimos dos sítios onde foram erigidas. Nomeadamente no caso  de Tavira, esta criação teve lugar em 1518, data da constituição da freguesia coincidente com…

A Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Tavira foi publicado originalmente aqui

No Algarve o culto de Conceição chegou no século XVI tendo sido construídas duas igrejas em zona rural nos termos de Tavira e Faro, de tal forma que se converteram em topónimos dos sítios onde foram erigidas. Nomeadamente no caso  de Tavira, esta criação teve lugar em 1518, data da constituição da freguesia coincidente com a criação da dita paróquia.

Não se tem a certeza de que seja realmente de 1518, sendo deste ano o registo mais antigo da mais antiga visitação à referida igreja, então chamada de “ermida” referindo-se  a ela como “Ermida de Nossa Senhora da Conceição da Gomeira”:

Uma Casa nova, grande e muito boa, que ora se faz, e não está ainda acabada. E a capela-mor dela forrada de olivel [madeira de oliveira], e as paredes são de pedra e cal. E tem um altar de alvenaria e sobre ele a imagem de Nossa Senhora, de vulto, boa  e nova, dentro de um retábulo pequeno, de portas, e dois Meninos Jesus. E o corpo da igreja é de uma só nave (…) e metade dele está já forrado de olivel  coberto de telha, e sobre a porta principal está um campanário em que está uma campa (sino) grande  e novo (…). Achámos por informação que isto tomámos, que a dita Ermida foi começada de edificar por Rui Calvino e Gil Gonçalves da Costa e João Rosado, os quais com suas esmolas se com as esmola s dos fregueses e moradores dos arredores da dita Igreja a fizeram como ora está, e André Dias Parrado, mordomo que ora é (da Ermida), também de princípio com os sobreditos a ajudou a fazer(…).  E o capelão  da Igreja (ou seja, o pároco) Rodrigues Anes, ajudou a fazer a dita casa”.

Estes nomes aparecem referidos nas atas de vereadores de Tavira, nomeadamente Rui Calvino, Gil Gonçalves da Costa e João Rosado foi procurador do concelho  de Tavira em 1500.

A versão original da igreja, teria, portanto, além do pórtico actual, mas dispunha apenas de uma nave, como ermida que era. Anica propõe que o início da construção se tenha dado por volta de 1508.

Visitações posteriores relatam novos acrescentos à versão da igreja relatada em 1508: em 1554 relatam que a mesma era abobadada e a capela mor media vinte  e dois palmos de altura e largura, sendo quadrada. Mais acrescentam que a porta principal abria para Sul, era de pedraria de ponto de quarto portados  e tinha dezassete palmos  de altos e nove palmos de largo. Relatavam também a existência de uma porta lateral (actualmente existem duas)l. Em 1565,  a Igreja continua a ser relatada como de apenas uma nave. Continuar a ler “A Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Tavira”