500 anos da mui nobre e leal cidade de Tavira

 
Armas da cidade de Tavira (no folio 10), segundo o Tesouro da Nobreza por Fernando Coelho (c. 1675)

Várias razões estiveram por detrás da decisão régia, como a posição de Tavira como cabeça na estratégia militar da nação para a costa marroquina, ponto de comércio com o mediterrâneo, e a sua população, onde viveriam na altura três mil vizinhos, segundo Frei João de São José na sua Coreografia do Reino do Algarve, que para mais diz no parágrafo de abertura sobre Tavira, no capítulo dedicado a cada uma das urbes da região:

A cidade de Tavira, sem algũa dúvida, é, ao presente, e foi sempre a principal de todo o reino do Algarve, não só na grandeza da povoação e dotes que a natureza repartiu com o solo do seu sítio, mas também na nobreza dos moradores dela, que são as três excelências que fazem ũa terra nobre e que com rezão se pode gloriar delas.

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Mapa de Tavira e seu litoral (1951)


Carta Militar do instituto geográfico do Exército de 1951, dez anos após o ciclone de 1941. Situação do Litoral entre Fuzeta e Cabanas na altura. É visível a Barra do Cochicho que abriu em consequência do ciclone. Os quebra-mares da barra artificial aberta em 1930 – e que ainda estão visíveis no mapa – marcam a posição dessa barra entretanto assoreada. 

As Armas de Tavira no “Thesouro da Nobreza”

O Thesouro da Nobreza da autoria do artista Francisco Coelho, Rei das Armas da Índia é uma obra notável. Ilustrado à mão, é uma verdadeira compilação de todos os brasões de reinos, províncias, cidades, condados, ducados, famílias, etc.

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Folio 10 do Thesouro da Nobreza de Francisco Coelho. Na segunda linha de escudos, o 3º a contar da esquerda é o escudo de Tavira. O 1º da esquerda são as armas do Reino dos Algarves, sendo neste contexto os “Algarves” todas as terras ocidentais entretanto descobertas após os descobrimentos.

Data de 1675 e possui entre outros, as armas do Reino do Algarve já muito próximo da sua versão moderna assim como as armas de Tavira, que se é verdade figuram no Foral de D. Manuel um século antes, não deixam de aparecer aqui em posição de destaque, sendo o terceiro brasão do fólio 10, a seguir às armas do Reyno do Algarves e de São Bruno (letra G).

A obra completa está disponível online no digitarq da Torre do Tombo.

Retratos de Tavira através dos séculos

“Fortificações do Algarve”, por Baltasar de Azevedo Coutinho, capitão do Real Corpo de Engenheiros (ca. 1800)

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Baltazar Azevedo Coutinho foi discípulo de José Sande de Vasconcelos, e na linha do mestre, também cartografou e inventariou os fortes e baterias da costa. Esta imagem consta da folha 21 da sua obra “Fortificações do Algarve“, representará a linha de Costa entre Cacela e actual Cabanas (os dois fortes!) por volta de 1800, pouco antes da Invasões Francesas, está disponível aqui no digitarq da Torre do Tombo

A “Mama Gorda” vista do mar

Tive oportunidade de ir navegar pela costa próxima do Sotavento, e ver “finalmente” o “Cerro da Mama Gorda”. Aqui deixo a foto para servir de testemunho da minha e obrigado ao amigo Armindo Conceição por me convidar a acompanhá-lo na sua embarcação de pesca. Para juntar o ouro ao azul, estive numa zona do mar chamada precisamente de “Mar da Mama Gorda”, conhecida pela sua abundância de peixe.

Fica então aqui uma foto com a “sra. Mama Gorda”, conhecida desde há séculos pelos mareantes que deambulam por esta conta desde fenícios, gregos, romanos, vândalos, mouros e finalmente, portugueses.

Cabanas coroada pela Mama Gorda
O Cerro da Mama Gorda é a elevação central da cordilheira da Serra de Tavira. Foto obtida a poucas milhas da costa. O casario é da vila de Cabanas de Tavira.